O que fazer quando o idoso começa a esquecer de comer? Estratégias para manter a nutrição sem gerar conflitos
Vera Crepaldi
Com o envelhecimento, é comum que alguns idosos passem a esquecer de se alimentar, seja por lapsos de memória ou por mudanças no apetite. Esse desafio pode ser ainda maior quando há um diagnóstico de demência ou outras condições que afetam a cognição e a percepção da fome.
Se você cuida de um idoso que apresenta esse tipo de dificuldade, é essencial adotar estratégias que garantam a nutrição sem gerar estresse ou conflitos. Como profissional que há anos acompanha famílias nessa jornada, compartilho aqui algumas orientações que podem ajudar.
Monitoramento próximo e flexibilidade
Quando o idoso começa a esquecer se já fez uma refeição ou a rejeitar certos alimentos, é fundamental acompanhar sua alimentação de perto. A rigidez nas refeições pode ser um fator de estresse para ambos, por isso, tente manter uma abordagem flexível e adaptável às preferências do idoso.
Se ele prefere lanches leves em vez de refeições completas, ajuste a rotina para incluir mais lanches nutritivos ao longo do dia.
Observe padrões: muitos idosos aceitam melhor um lanche da tarde do que um almoço completo.
Misturar alimentos pode ser uma solução. Por exemplo, combinar doces e salgados na mesma refeição pode aumentar a aceitação.
Atenção ao impacto das medicações no apetite
Alguns medicamentos podem alterar o paladar ou reduzir o apetite, tornando a refeição menos prazerosa. Se perceber que o idoso perdeu o interesse na comida após o início de um novo medicamento, comunique-se com o médico. Em alguns casos, pode ser possível ajustar a prescrição ou buscar alternativas para minimizar esses efeitos.
Adaptação da consistência dos alimentos
Com o avanço da doença, a mastigação e a deglutição podem se tornar mais difíceis. Ajustar a consistência da alimentação é essencial para evitar riscos, como engasgos, e garantir que o idoso continue a se alimentar bem.
Alimentos mais macios: Se o idoso tem dificuldade para mastigar, cozinhe mais os alimentos para que fiquem mais macios.
Textura pastosa: Em alguns casos, pode ser necessário oferecer refeições pastosas. Um prato bem-preparado pode ser saboroso e atrativo, mesmo com essa consistência.
Acompanhamento profissional: O suporte de um fonoaudiólogo pode ser essencial para avaliar a deglutição e recomendar adaptações adequadas.
A importância de uma refeição equilibrada e prazerosa
Manter uma alimentação rica em nutrientes é fundamental para a saúde do idoso, mas a apresentação e o sabor também fazem a diferença.
Variedade e cores: Pratos bem montados e coloridos despertam mais interesse.
Temperatura e temperos: Pequenos ajustes na temperatura e no uso de ervas e especiarias podem tornar a comida mais apetitosa.
Acompanhamento nutricional: Contar com a orientação de um nutricionista ajuda a garantir uma alimentação equilibrada, respeitando as preferências do idoso. Caso seja necessário, ela fará a indicação de um suplemento para compor as necessidades proteicas da alimentação.
Criando um ambiente favorável para a alimentação
O ambiente também influencia o apetite. Algumas estratégias podem tornar a refeição mais agradável:
Evitar distrações como televisão ligada ou barulhos excessivos.
Sentar-se com o idoso para fazer da refeição um momento social.
Utilizar pratos e talheres adaptados, se necessário, para facilitar a alimentação.
Lidar com a recusa alimentar ou os esquecimentos de um idoso pode ser desafiador, mas pequenas adaptações podem fazer uma grande diferença. O mais importante é garantir que ele receba os nutrientes necessários de forma respeitosa e humanizada, evitando conflitos e preservando sua qualidade de vida.
Se você cuida de um idoso com essas dificuldades, lembre-se: paciência, observação e flexibilidade são fundamentais. E sempre que necessário, busque apoio de profissionais especializados para garantir que a alimentação seja segura e prazerosa.
