Mudanças de Comportamento em Doenças Degenerativas
Vera Crepaldi
A falta de conhecimento sobre doenças degenerativas, como o Alzheimer e outras demências, pode gerar angústia, insegurança e frustração para familiares e cuidadores. Muitas vezes, os primeiros sinais dessas doenças passam despercebidos, e alterações de comportamento podem ser interpretadas erroneamente como traços de personalidade, estresse ou até mesmo teimosia.
Um dos desafios mais comuns enfrentados pelas famílias é lidar com mudanças abruptas na forma como o idoso percebe e reage ao mundo ao seu redor. Indivíduos que nunca demonstraram determinados traços podem, de repente, apresentar comportamentos inesperados, como desconfiança, ciúmes, repetições excessivas e até mesmo delírios de perseguição. Sem o conhecimento adequado, essas transformações podem ser mal compreendidas e gerar conflitos e sofrimento emocional.
As Mudanças Comportamentais Como Sinal de Alerta
Com o avanço das doenças neurodegenerativas, o cérebro passa por alterações que afetam a memória, o raciocínio e o comportamento. Algumas das manifestações mais comuns incluem:
Desconfiança e Delírios: O idoso pode acreditar que está sendo roubado, que o cônjuge está traindo ou que familiares estão conspirando contra ele. Essas percepções são reais para ele, mesmo que não tenham fundamento.
Repetição de Histórias e Perguntas: O esquecimento de eventos recentes leva a repetições constantes. Para os familiares, isso pode parecer insistência ou distração, mas na realidade trata-se de uma falha na memória de curto prazo.
Negação de Tarefas Rotineiras: A pessoa pode esquecer que tomou seus remédios e insistir em tomá-los novamente ou negar que tenha feito uma refeição há poucos minutos.
Mudanças de Personalidade: Pessoas que sempre foram calmas podem se tornar irritadiças ou agressivas, enquanto indivíduos mais reservados podem desenvolver comportamentos impulsivos.
O Impacto do Desconhecimento e Como Lidar com a Situação
Muitas famílias não percebem esses sinais no início ou acreditam que se trata apenas de mudanças naturais da idade. No entanto, quanto mais cedo a condição for reconhecida, melhor será a adaptação da rotina e dos cuidados necessários.
Busque Informação: Aprender sobre demências e doenças neurodegenerativas ajuda a entender que essas mudanças não são intencionais, mas sim consequências da doença.
Evite Confrontos: Quando um idoso tem uma crença distorcida da realidade (como acreditar que foi roubado), não adianta insistir em explicar racionalmente que isso não aconteceu. O ideal é validar seus sentimentos e redirecionar sua atenção para outro assunto.
Procure Apoio Profissional: Neurologistas e geriatras podem ajudar no diagnóstico e orientar sobre estratégias para lidar com os sintomas.
Tenha Paciência e Empatia: Lidar com essas mudanças pode ser desafiador, mas compreender que a pessoa não tem controle sobre essas atitudes ajuda a evitar desgastes emocionais desnecessários.
Mudanças de comportamento podem ser um dos primeiros sinais de uma doença degenerativa, e reconhecê-las precocemente pode fazer toda a diferença no cuidado e na qualidade de vida do idoso e de sua família. A informação é a melhor aliada para enfrentar essa jornada com mais compreensão e menos sofrimento.
