Como Escolher uma Casa de Repouso para um Idoso

Vera Crepaldi

Chega um momento delicado na vida de muitas famílias em que alguém sugere que talvez seja hora de considerar a mudança do idoso para uma casa de repouso. Essa sugestão costuma gerar reações fortes, especialmente no início. Muitas vezes, há rejeição imediata por parte de um ou mais familiares. No entanto, esse é um tema que merece ser tratado com cuidado, escuta e, acima de tudo, uma avaliação criteriosa. É importante que todos os envolvidos estejam abertos ao diálogo e participem juntos desse processo, inclusive, sempre que possível, o próprio idoso.

Avaliação Financeira: O Ponto de Partida

Antes de visitar qualquer instituição, é essencial fazer uma análise financeira. A família precisa definir com clareza quanto poderá ser investido mensalmente com essa despesa. A casa será custeada apenas com a aposentadoria ou pensão do idoso? Os filhos poderão complementar? Haverá uma divisão entre todos? Tudo isso precisa ser pensado com responsabilidade, lembrando que, além da mensalidade da casa, já existem outros gastos que continuam existindo, como plano de saúde, medicamentos e produtos de higiene pessoal. Ter uma noção realista do orçamento disponível ajuda a evitar frustrações e orienta melhor a busca.

A Importância da Localização

Outro aspecto importante é a localização da casa. O ideal é que ela esteja em uma região de fácil acesso para os familiares que visitarão com mais frequência. Por mais bem estruturada que seja a instituição, a presença da família continua sendo um fator essencial no bem-estar do idoso.

Conheça os Locais Pessoalmente

Uma boa forma de começar é pedir indicações de conhecidos e também fazer uma pesquisa online. Monte uma pequena lista de locais que parecem interessantes e reserve tempo para visitar com calma. Durante as visitas, observe a estrutura, converse com os responsáveis, pergunte sobre a rotina e perceba como é o clima do ambiente. Sempre que possível, volte uma segunda vez ao local para tirar dúvidas ou visitar em um horário diferente, como durante as refeições, que é um bom momento para observar a alimentação oferecida.

Estrutura e Perfil de Atendimento

Avaliar se o local atende às necessidades específicas do seu familiar é essencial. Por exemplo, casas onde os quartos ficam em andares superiores e não há elevador não são adequadas para quem tem mobilidade reduzida. Um idoso cadeirante, por exemplo, precisa de um espaço acessível. Além disso, idosos com alterações de comportamento mais intensas nem sempre podem dividir o quarto com outro residente que esteja em um estágio diferente da doença. Se houver possibilidade financeira, um quarto individual pode ser muito positivo, principalmente se o idoso sempre teve esse hábito em casa. Dividir o quarto com um desconhecido pode gerar confusão e ansiedade.

Equipe, Rotina e Atividades

Durante a visita, procure entender como funciona a rotina da casa e como são os cuidados prestados. Pergunte quem compõe a equipe, como funciona a administração das medicações, quais atividades são realizadas no dia a dia. Casas com equipes multidisciplinares completas, com médico, enfermeira, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta especializados em gerontologia, oferecem um cuidado diferenciado, embora o custo também seja mais elevado. É importante encontrar o melhor equilíbrio entre qualidade e viabilidade financeira.

Transparência e Comunicação

Um ponto fundamental é a transparência da instituição. Locais que permitem visitas sem agendamento costumam demonstrar mais abertura e segurança no trabalho que realizam. Além disso, é essencial que haja um canal de comunicação claro e direto com a família, especialmente em situações médicas ou emergenciais. Saber que você será informado rapidamente em caso de necessidade traz tranquilidade.

A Decisão Deve Ser Conjunta

Por fim, é importante lembrar que a decisão deve ser tomada de forma coletiva. Envolver todos os familiares e, quando possível, o próprio idoso, ajuda a tornar o processo mais leve e respeitoso. A escolha deve levar em consideração não apenas a estrutura física e os cuidados técnicos, mas também o bem-estar emocional da família e, principalmente, do idoso.

Escolher uma casa de repouso não é abandonar, é cuidar. E fazer isso com informação, empatia e planejamento é a melhor forma de garantir que o idoso tenha qualidade de vida, segurança e dignidade nessa fase da vida.